Dia dos pais

Hoje é o dia dos pais. Na verdade, mais um dia para o comércio aquecer as vendas. Para mim, é um dia de pouca comemoração, não que eu não tenha um pai, até tenho, mora na minha casa, mas é que o meu pai é diferente. Eu acho ele o mais diferente de todos, um tanto quanto esquisito, mais é o meu pai. Por muito tempo relutei e juro que queria puder devolver ele, como uma peça que vem com defeito da loja, mas não podia e ficava puta com tudo isso. Mas a vida é assim mesmo, nos coloca em situações para nos testar... eu já fui muito testada pela forma de conduta do meu pai. Hoje, consigo enxergar muita semelhança dele em mim, sendo que eu pude descobrir isso na terapia, se ele fizesse também, ia enxergar muitas coisas legais em mim também. Hoje nos damos super bem, ele lá e eu cá. Hoje eu entendo ele, que mesmo calado, mudo e mesmo não achando ele um cara feliz, leva a vida do jeito dele e acha que apenas o jeito dele é o jeito certo, tudo bem, ele é assim e eu não vou mais mudá-lo, isso eu tenho certeza. Resolvi aceitá-lo, ele lá e eu cá.
Hoje também foi uma dia saudoso, saudade de outros dois homens, meus dois avôs. Lembro que sempre agente almoçava com um ou com o outro, mas tinha que passar na casa dos dois. Meu avô Geraldo ficava puto quando depois do almoço, já queríamos ir embora do restaurante, ele não, ele queria ficar o resto da tarde, entrar pela noite se possível fosse. Meu avô Ruy, esse sim, queria logo acabar de almoçar, uma comida sempre sem graça de diabético, para ir deitar. Eu confesso que não gostava muito de ir para a casa de vovô Ruy e também confesso que adorava os longos papos de vovô Geraldo, porém, se pudesse realizar um pedido hoje, pediria para sonhar com eles, com os dois, e ter a certeza de que estão felizes, cada qual ao seu modo. Um grande beijo e os parabéns ao vovô falante, simpático (Geraldo Maia) e ao vovô sério e calado (Ruy Xavier).